terça-feira, 26 de abril de 2011

Nota contra os cortes na educação

Não aos cortes! 10% do PIB para a educação já!

Os(as) estudantes reunidos(as) no XIII Encontro Regional dos Estudantes de Letras do Centro Oeste, realizado em Rio Verde – Goiás nos dias 21 a 24 de abril de 2011, se manifestam contra o corte de verbas de R$50 bilhões no orçamento geral da União, decretado pela presidenta Dilma Roussef no inicio deste ano. Desse montante, R$3 bi foi o valor contingenciado da educação, além da verba para pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia. No momento em que um ciclo expansivo caminha para se concluir, fica claro que as verbas do REUNI não garantem que essa expansão seja feita com qualidade. Neste momento, os estudantes das universidades públicas sentem cada vez mais os efeitos concretos da restrição orçamentária.

Há, neste ano, uma agenda dos governos que está comprometida com cortes de verbas na educação. Assim como, no conjunto das instituições federais, há queixas comuns entre os estudantes, como um aumento visível nas filas para uso dos restaurantes universitários, o que evidencia o esgotamento da atual política de assistência estudantil. Também nas universidades estaduais pode-se sentir os efeitos da escassez de verbas.

No Piauí, a UESPI (Universidade Estadual do Piauí) possui uma forte mobilização em curso, que agrega professores, funcionários(as) e estudantes, cujo nome do movimento evidencia a situação daquela universidade: SOS UESPI. Na Bahia, a UESB (Universidade Estadual da Bahia) também é cenário de uma forte luta estudantil. O governador do estado da Bahia publicou, recentemente, um decreto cortando verbas das universidades estaduais. Isso em um cenário em que a precariedade do ensino já é latente. Começa a se gestar uma luta unificada entre a comunidade da UESB e da UNEB ,exigindo a revogação do decreto do governo. No Pará, há um decreto estadual sacrificando o ensino superior estadual. A UEPA, que conta apenas com um restaurante universitário na capital, teve, como reflexo do decreto de Jatene, dezenas de professores(as) substitutos(as) demitidos(as), lesando outras dezenas de turmas que estão sem professores(as). Em Goiás, os(as) estudantes da UEG se mobilizam pela estruturação da Universidade, contra o corte de verba para as unidades do interior, concursos para professores(as) e servidores(as), e pela vinculação da UEG à Secretaria de Educação, pois a universidade é vinculada à Secretaria de Ciência e Tecnologia. Na UnB, a falta de manutenção estrutural faz com que uma instituição tão renomada não resista sequer aos efeitos da chuva, destruindo departamentos, paredes, computadores e Centros Acadêmicos. O prejuízo é incalculável, e o transtorno para professores(as), funcionários(as) e estudantes é irreparável.

Nossa conclusão é que o corte de R$3 bilhões no orçamento da educação este ano veio a potencializar problemas sentidos pelos(as) estudantes, e a asfixiar ainda mais as instituições do ponto de vista orçamentário. O governo garantia que seu projeto de expansão não afetaria a qualidade de ensino, mas isso está sendo posto à prova e a realidade mostra que há dificuldades grandes. Sobretudo, questionamos: por que os cortes no momento em que o país vive uma etapa de crescimento econômico? Por que começar 2011 com R$3 bi a menos para a educação, se 2010 terminou com o PIB crescendo em 7,5%?

Nesse sentido, exigimos:

  • Revisão imediata do corte de R$3 bi no orçamento da educação;
  • Expansão com qualidade nas universidades;
  • 10% do PIB para a educação já!;
  • Aumento imediato das verbas destinadas à assistência estudantil;
  • Por uma verba extra, emergencial e específica para as universidades que se encontram em dificuldades;
  • Que não haja corte de verba em orçamento educacional, seja ele federal, estadual, distrital ou municipal.

Assinam esse manifesto:

Executiva Nacional dos Estudantes de Letras (ExNEL – Centro Oeste)

Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre (ANEL-GO)

Coletivo Vamos à Luta – DF

Diretório Central dos Estudantes – UFG (DCE-UFG)

Diretório Central dos Estudantes – UFMT (DCE-UFMT/Barra do Garça)

Centro Acadêmico de Letras – UnB (Calet-UnB)

Centro Acadêmico de Letras – UFG (CAL-UFG)

Centro Acadêmico de Letras – FESURV (Calet-FESURV)

Centro Acadêmico de Letras – UEG (CAL-UEG/Anápolis)

Centro Acadêmico de Letras – UEG (CAL-UEG/Iporá)

Centro Acadêmico de Letras – UEG (CAL-UEG/Inhumas)

Centro Acadêmico de Letras – UEG (CAL-UEG/Quirinópolis)

Centro Acadêmico de Letras – UEG (CAL-UEG/São Luís dos Montes Belos)

Centro Acadêmico de Letras – UFMT (Calet-UFMT/Barra do Garça)

Centro Acadêmico de Letras – UFMS (Calet-UFMS/Campus de Aquidauanda)

Centro Acadêmico de Letras – UFMS (Calet-UFMS/Campo Grande)

Centro Acadêmico de Letras – PUC-GO (CAL/PUC-GO)

Centro Acadêmico de Letras – UCB (CEALE/UCB)

Programa de fomento das licenciaturas da UnB abre vagas para bolsistas
Sob a coordenação dos professores Alexandre Pilati e Eloisa Pilati, o PROGRAMA PRODOCÊNCIA 2011 está selecionando estudantes de Letras, até o 5º semestre, para realizarem atividades de pesquisa sobre temas relcaionados com a prática docente da área de letras no ensino básico e superior. Os alunos podem participar do grupo de trabalho como bolsistas ou como voluntários.
Entre os objetivos do projeto, estão:
  • Compreender e qualificar a profissão docente em todos os âmbitos por meio de um
  • processo colaborativo, tendo a prática docente como eixo norteador no diagnóstico e enfrentamento das fragilidades e potencialidades dos cursos de formação de professores da Universidade de Brasília.
  • Diagnosticar o perfil dos cursos de Licenciaturas da UnB bem como as causas da baixa demanda e da alta evasão de alguns cursos de Licenciatura da UnB;
  • Estabelecer políticas e ações reais de projetos inter e trans disciplinares com trabalhos colaborativos entre docentes, discentes e professores da rede escolar;
  • Oportunizar diálogo, reflexão e troca de experiências no longo prazo entre professores dos cursos de licenciatura com a criação de grupo de estudos colaborativos das licenciaturas a partir das questões surgidas na prática docente dos licenciandos, em ambientes presenciais e virtuais.
Alunos interessados devem comparecer à reunião que acontecerá no dia 28/04/2011, às 18h30, na sala AT-175/8, ala sul do ICC. Dúvidas e outras informações:alexandre_pilati@yahoo.com.br; eloisapilati@gmail.com.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Letras e Universidade - Pela valorização

Parabéns, calouro(a), pela aprovação no curso de Letras. Você passou pelo funil de aptidão do vestibular e agora está entre os 2% da juventude brasileira que cursa uma universidade pública.

Fazer Letras é entrar em contato com o mundo e, intrinsecamente, modificar a sua realidade. Pautando-se dessa resalva, o alunos que iniciam seu curso de graduação estarão não só conhecendo esse mundo, mas tabém tendo a oportunidade de participar conscientemente dele. Aqui você entrará em contato com as diversas linhas de pesquisa na aréa da linguística, literatura, tradução, ensino, além das diversas novidades do mundo acadêmico. Infelizmente, o curso passa por momentos de insuficiência estrutural, já que, na atual conjuntura política/econômica (em especial a realidade brasileira), aréas de conhecimentos humanos voltadas para a educação são deslegitimadas por um estado que as vê sempre de um perfil secundário, reduzindo custos com pesquisa e extensão e voltando a formação apenas para o lucro.

Na UnB, o curso de Letras é o maior em se tratando de números de matriculados e o mais desproporcional, o que menos recebe investimentos (na proporção curso/aluno), o que só reflete o descaso do Estado para com as graduações em Letras. Não temos espaço físico adequado (com um quadro de salas super lotadas), encaramos a ineficiência e sucateamento do acervo bibliográfico da Biblioteca Central, além da falta ou inexistência de bibliotecas e laboratórios setorias. O incentivo financeiro para as diversas atividades acadêmicas (encontros, congressos, seminários, etc) é quase zero, além da falta de professores para suprir a demanda de oferta de disciplinas nos cursos! O agravamento dessa situação ocasiona a desvalorização do nosso curso.

Para que exijamos condições justas de existência, precisamos delinear e legitimar dentro de nós a questão de identidade do curso ao qual fazemos parte e que passa a integrar nossa vida a partir do momento que ingressamos numa Universidade para cursá-lo. Possuir uma identidade significa se posicionar dentro de um contexto de relações complexas. Significa estabelecer o que somos e, assim, conscientes de nossa importância nesse contexto,conquistarmos nosso espaço. Como estudantes do maior curso da Universidade de Brasília, precisamos tomar a frente para conquistar direitos inegavelmente nossos. Refletir sobre nosso papel como formadores(as) de opiniões e nos manifestar contra qualquer tipo de opressão, procurando uma forma organizada de ação, é o primeiro passo para a busca de melhorias.

A Universidade é pública, mantida pelo povo e a ele deve servir. Mas cabe questionar de que forma o Estado se posiciona diante da agravante de desvalorização da educação e de seus(suas) profissionais. Atualmente, foram cortados R$3 bilhões do orçamento anual destinado à educação, em contradição ao projeto de expansão REUNI, que prevê a expansão de vagas e cursos na Universidade. Só na UnB, a estimativa do corte é de R$45 milhões. Pergunta-se: qual o objetivo de se expandir sem condições mínimas de qualidade?

Lutar por pautas para curso de Letras é lutar por melhores condições educacionais, e a permanência do aluno no curso deve também ser focada na melhoria desse quadro. Estar ligado(a) no que acontece no Centro Acadêmico de Letras (CALET), participar de Assembléias, atos e demais atividades é construir um curso cada vez melhor. É dentro dessa teia que se legitima um Centro Acadêmico e a posição dos(as) estudantes dentro da Universidade.