segunda-feira, 4 de abril de 2011

Letras e Universidade - Pela valorização

Parabéns, calouro(a), pela aprovação no curso de Letras. Você passou pelo funil de aptidão do vestibular e agora está entre os 2% da juventude brasileira que cursa uma universidade pública.

Fazer Letras é entrar em contato com o mundo e, intrinsecamente, modificar a sua realidade. Pautando-se dessa resalva, o alunos que iniciam seu curso de graduação estarão não só conhecendo esse mundo, mas tabém tendo a oportunidade de participar conscientemente dele. Aqui você entrará em contato com as diversas linhas de pesquisa na aréa da linguística, literatura, tradução, ensino, além das diversas novidades do mundo acadêmico. Infelizmente, o curso passa por momentos de insuficiência estrutural, já que, na atual conjuntura política/econômica (em especial a realidade brasileira), aréas de conhecimentos humanos voltadas para a educação são deslegitimadas por um estado que as vê sempre de um perfil secundário, reduzindo custos com pesquisa e extensão e voltando a formação apenas para o lucro.

Na UnB, o curso de Letras é o maior em se tratando de números de matriculados e o mais desproporcional, o que menos recebe investimentos (na proporção curso/aluno), o que só reflete o descaso do Estado para com as graduações em Letras. Não temos espaço físico adequado (com um quadro de salas super lotadas), encaramos a ineficiência e sucateamento do acervo bibliográfico da Biblioteca Central, além da falta ou inexistência de bibliotecas e laboratórios setorias. O incentivo financeiro para as diversas atividades acadêmicas (encontros, congressos, seminários, etc) é quase zero, além da falta de professores para suprir a demanda de oferta de disciplinas nos cursos! O agravamento dessa situação ocasiona a desvalorização do nosso curso.

Para que exijamos condições justas de existência, precisamos delinear e legitimar dentro de nós a questão de identidade do curso ao qual fazemos parte e que passa a integrar nossa vida a partir do momento que ingressamos numa Universidade para cursá-lo. Possuir uma identidade significa se posicionar dentro de um contexto de relações complexas. Significa estabelecer o que somos e, assim, conscientes de nossa importância nesse contexto,conquistarmos nosso espaço. Como estudantes do maior curso da Universidade de Brasília, precisamos tomar a frente para conquistar direitos inegavelmente nossos. Refletir sobre nosso papel como formadores(as) de opiniões e nos manifestar contra qualquer tipo de opressão, procurando uma forma organizada de ação, é o primeiro passo para a busca de melhorias.

A Universidade é pública, mantida pelo povo e a ele deve servir. Mas cabe questionar de que forma o Estado se posiciona diante da agravante de desvalorização da educação e de seus(suas) profissionais. Atualmente, foram cortados R$3 bilhões do orçamento anual destinado à educação, em contradição ao projeto de expansão REUNI, que prevê a expansão de vagas e cursos na Universidade. Só na UnB, a estimativa do corte é de R$45 milhões. Pergunta-se: qual o objetivo de se expandir sem condições mínimas de qualidade?

Lutar por pautas para curso de Letras é lutar por melhores condições educacionais, e a permanência do aluno no curso deve também ser focada na melhoria desse quadro. Estar ligado(a) no que acontece no Centro Acadêmico de Letras (CALET), participar de Assembléias, atos e demais atividades é construir um curso cada vez melhor. É dentro dessa teia que se legitima um Centro Acadêmico e a posição dos(as) estudantes dentro da Universidade.

2 comentários:

  1. curti demais o manifesto!

    o REUNI é a aprofundação da precariedade da educação pública, bem como o PROUNI que torna cada vez mais milhonários os empresários da educação.

    Só uma profunda revolução educacional pode possibilitar o surgimento da nova sociedade igualitária e libertária tão necessária.

    A política Educacional do PT têm corroborado para a des-educação, para o alienamento cada vez maior e o aprofundamento do tecnicismo.

    E nós, do curso de Letras sentimos na pele a precariedade cada vez maior da educação.

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  2. E como disse a lendária e errônea camiseta do nosso tão amado curso, "O que seriam [sic] das palavras se não fossem as LETRAS".

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